quarta-feira, 28 de maio de 2008
Ilusão de ótica
Olhos nos olhos
Olha nos meus
Mas não me levas
sério me vês rindo
rindo não me deixo ver
fecho esses olhos ao rir
meu e seu
não sou
Me levo ao vento
te velo ao longe
vejo e invento sempre
o que eles querem ver
E espero tanto . . .
terça-feira, 27 de maio de 2008
Revolta feminina (para Alessandra Lacerda)
a remoer você
dos olhos que correm sobre o linho
escorrem lágrimas de sangue e o vinho
que bebo não é a taça que desejo
nem um cálice de seu beijo na despedida
é um calo
um silêncio
um mi disperso
que despedaça
dispenso liberdades
bêbo sem vontade
vivo cem maldades
e quero e seco e morro
em troca de você na cama
não toco mais
no assunto
e deixo-te ir no vinho,
de novo:
embriaguês no ar.
amanhã é outro dia
de por as coisas todas no seu devido lugar.
Se
Amar é... (sem clichês)
A Lésbica
Só
Só
de quando
em quando
enquanto eu respirar
vou me lembrar de você
deve ser assim
devo ser enfim
só
enquanto
eu respirar
de quando
em quando
enquanto eu respirar
vou me lembrar de você
deve ser assim
devo ser enfim
só
enquanto
eu respirar
Lágrimas
O
lhos
meus ocul
tam Olhos teus
em lágrimas de
meu triste chorar e
bruto custo acredi-
tar que os teus são
lágrimas de amor a
despertar
lhos
meus ocul
tam Olhos teus
em lágrimas de
meu triste chorar e
bruto custo acredi-
tar que os teus são
lágrimas de amor a
despertar
sábado, 24 de maio de 2008
Ao Santo armado
ajoelhado
devotado em oração
surge no banquinho inexistente da praça
um homem
na noite
que diante de sua devoção paulista
(a estátua do Borba Gato)
começa:
"Oh, meu Santo Armado,
de guerra construído e preparado,
que guardas a cidade amarga de barro,
bairro da grande metrópole, São Paulo,
meu tempo anti-lunar vem te pedir,
salve nossas noites de esperança
salve nossas boites, nossas danças,
nas ruas terminais de Santo Amaro
nas praças floreais de poucos atos,
nas casas da antiga: antigos fatos.
Fazei de nossa flor Matriz,
da alameda eira e da Eiró Meretriz,
a chave para acharmos o paraíso,
asfalto e carro e condutor divinos.
Com goles de cerveja, salvai as nossas almas padecidas
e as pobres caras, um tanto parecidas
dos jovens moços que roem o osso sujo e bebem do esgoto pútrido da cidade esquecida.
Aos maltrapilhos que cantam vícios
em coro triste no coreto limpo da Floriano,
dá menos planos e mais oportunidade
de fumarem um cigarro novo por noite
ou de cobrirem seus corpos poucos com lençóis de verdade.
Salve nossas Ladys e nossos End Nights.
E salve esta alma de homem pobre
que toda noite se cobre com manto de jornal
e diante da lua: silêncio sepulcral;
clama pelo povo sofrido
da noite querida
da Santo Amaro perdida
entre os becos e os beijos de suas meninas."
Caio Fernando Abreu
Dedicatória
Ouço Janis
Faço bossas
Sambas de preferência
E não me vem em mente a quem dedico
Por isso fico
Anos a fio
tentando escrever poemas
quando na verdade
só quero uma dedicatória
Os dedos catando tóras no espaço
flores no espaço branco do papel
e eu que me preocupo com o que dizer
é no silêncio que se encontra um pouco de tudo
E perto eu fico mudo
canções no escuro
como aquela que eu não sabia
que feito eu tinha
(coisas) pra você.
quarta-feira, 21 de maio de 2008
terça-feira, 20 de maio de 2008
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